Querida leitora, querido leitor, quero conduzi-los a uma viagem na vida de vocês e em todas as histórias que já ouviu sobre o amor. Uma reflexão sobre ser mais “fácil” amar quando somos jovens e o quanto as experiências amorosas tornam-se difíceis quando os anos passam e acumulamos experiências.
Mas se me permite, quero muito usar como base de reflexão o musical La La Land (que aliás recomendo para assistir). Confesso que assisti esse filme nesse ano de 2022, mesmo sendo recomendado por muitas pessoas e indicado para vários prêmios.
O musical inicia a história de Mia e Sebastian separadamente, como se mostrasse o que levou eles a se encontrarem. Posteriormente, no decorrer do musical, vai contar o romance e todo o enredo dessa história de amor.
Mas eu quero chamar a atenção para uma coisa que é muito importante em nossas vidas, assim como no musical, que são nossas escolhas. Independente de fazermos elas consciente ou não, todo momento e em qualquer situação estamos escolhendo. Até mesmo quando achamos que não temos escolhas.
E são as nossas escolhas que nos levam ao encontro ou desencontro de pessoas, experiências, oportunidades.
Quando somos jovens as emoções e sentimentos estão ao que chamamos de “a flor da pele”. O momento em que não tememos nada. Aquele período em que acreditamos que podemos tudo e nada vai nos abalar. Por isso, sem muitos sofrimentos emocionais, nossas escolhas são totalmente baseadas no sentir.
Então, quando encontramos alguém e nos apaixonamos é fácil se permitir sentir esse sentimento e vivenciar a experiência. Nesse momento há a simplicidade da vida. Se você quer ficar com a pessoa, você vai vê-la, se não quer vai curtir com os amigos, declarar-se não trava as palavras, não existe enganação ou joguinhos, apenas o que realmente sente.
Algumas pessoas conseguem viver sua vida com seu primeiro amor. Mas a grande maioria não consegue. E é aqui que começa a tornar a vida mais difícil.
Após o primeiro amor passamos a viver outros amores, que trazem boas memórias e sentimentos gostosos de sentir, mas também trazem decepções e feridas emocionais. Quase nunca pensamos que precisamos elaborar essas dores e entender a proporção dessas feridas para então entrar em outra relação. Com isso, a vida passa, as experiências acontecem e muitas vezes estamos lá cheios de feridas emocionais abertas, que geram dor, sofrimento, medos, traumas.
Sem perceber, entramos em um estado de “defesa emocional”. Por medo, receio e até proteção não queremos sentir novamente essas dores emocionais e tendemos a manter distância emocional das pessoas. E é bem aqui que surgem os famosos “joguinhos”, a fuga de responsabilidade afetiva e envolvimentos afetivos mais profundos. Toda relação é rasa! Os envolvimentos são rasos. O que contribui para gerar mais feridas emocionais e afastamento emocional entre as pessoas.
Quero fazer um alerta! Esse não é um amor maduro! O raso, o líquido, o passageiro são superficiais. Quando somos jovens conectamos mais e estamos mais adeptos ao envolvimento afetivo. O Raso não é sinônimo de maturidade, mas sim de imaturidade emocional.
Observem! Na vida não existem vilões ou vítimas. Existem pessoas! E por mais que você concorde ou não, todos os dias as pessoas se esforçam para entregar o seu melhor. Mas essa entrega será conforme o que conseguem entregar.
Então, a cada dia que amanhece sempre existirá novas decisões para fazer, novas entregas seja na vida pessoal ou profissional. E as decisões e/ou entregas são feitas conforme o que conseguirmos perceber e entregar. E nesses momentos, pode ser que a suas escolhas afastem quem mais amamos. E não porque não queremos ficar juntos, mas porque as direções convergiram para pontos muito diferentes.
E aqui eu quero retomar o La La Land. Afinal, ali ilustra as escolhas que proporcionam o encontram. Assim como as escolhas que geram o desencontro.
Nem sempre existem motivos que são admissíveis para um fim de relacionamento. Nem sempre teremos todas as respostas para os “por quês”. Nem sempre você precisará de uma resposta para curar sua dor emocional.
A vida é composta de escolhas, que fazem o movimento dela acontecer e que nos leva para direções que não imaginamos. Afastando ou trazendo pessoas que fazem sentido para aquele seu momento de vida. Assim como também te proporciona a escolha de ficar imersa (o) na dor sentida, não querer se curar de uma ferida.
E entender isso, entender que as pessoas que chegarão a você também têm seus encontros e desencontros, e mesmo assim se permitir sentir e lutar pelo que você sente é maturidade. Porque nesse momento você está sendo coerente com você, honesto com sua essência humana, conforme o que você emana.
E aí cabe a pergunta: Então um casal, sempre correrá o risco do desencontro? E a resposta é sim e não. Sim, todos estamos sujeitos aos desencontros da vida. Mas ao mesmo tempo não, porque se um casal tem o mesmo objetivo de vida, referente ao relacionamento, e tratado como prioridade esse é o ponto que UNE, que mantém a conexão. Escolher não tornar como algo importante, é uma escolha. E pode ser que afaste o amor da sua vida ou o amor para sua vida.
Por:
Gyovana Chimello
Psicóloga Clínica
Insta: terapeuta_gychimello