Tomada por uma grande emoção nesta semana, relembro o nascimento do meu segundo filho, Daniel, agora completando 3 anos. Reflito como de fato as dores não são para sempre… Tudo bem que os sorrisos também não, e isso tudo faz parte da roda da vida!
A chegada de uma criança é sempre sinônimo de mudança, tanto para coisas boas quanto para outras não tão boas. Mas a chegada de uma criança, com um quadro de saúde que inspirava cuidados e o início da restrição social por conta da pandemia da Covid 19 foi especialmente desafiador. Choramos sim, e não foi pouco! Tivemos medo sim, e foi muito! E por alguns momentos a sensação de que aquele momento nunca mais iria acabar.
Quando ficamos fusionados em certos pensamentos eles nos aprisionam e nos impedem de viver coisas simples que fazem sentido. Naquele momento, estávamos fusionados com o pensamento de nada dar certo, da possibilidade da doença vencer, e paralisamos, deixamos de viver muitos momentos, deixamos de criar muitas experiências, mas batalhamos para, dentro das possibilidades do momento, criar boas memórias! Aos poucos fomos sentindo o poder da IMPERMANÊNCIA e vendo que aquela condição também seria transitória. Mesmo deixando marcas em nossas memórias, mesmo que marcas dolorosas, a situação em si, não existe mais, já passou. E com as memórias, eu escolho como eu quero me relacionar! Hoje escolho me relacionar de modo leve, como se estivesse vendo um filme.
Tudo bem que quando estamos passando por algum momento doloroso na vida não gostamos de ouvir das pessoas ao nosso redor que: “vai passar!” mesmo sabendo que isso é uma verdade. O que precisamos no momento da dor é de acolhimento, e isso significa, poder sentir a dor da forma como ela vier e deixar que o tempo se encarregue de acalmar o que precisar e dar espaço e energia para poder agir na direção da melhora! Acolher a dor não é algo fácil e nem gostoso, mas é um processo importante.
Muitas noites mal dormidas, deixam o humor de qualquer mãe abalado e comigo não foi diferente! Por muitas vezes pensei que esse choro não iria passar “nunca”… Hoje passou! Pensei que ele não dormiria uma noite inteira “nunca”… Hoje dorme! Não iria sair da fralda “nunca”… Hoje está desfraldado! São tantas coisas que foram passando e que hoje preciso deste momento de reflexão para retomar alguns deles e me dar conta de que: “aquele choro não durou para sempre!”
Como pais, é importante aceitar e entender que o crescimento do nosso filho é um processo contínuo e que eles vão passar por diferentes estágios de desenvolvimento. Conforme o crescimento vai ocorrendo, vamos nos adaptando às mudanças e desenvolvendo novas habilidades. Poder lembrar da impermanência, no processo de crescimento de um filho (a) nos lembra que todas as fases passam (boas e ruins!) e que devemos estar atentos vivendo cada momento, e isso nos ajuda a criar a conexão com o momento presente, não achando que nunca vai acabar ou que outra fase nunca vai chegar! Tudo tem seu devido tempo!
Muitas coisas que conquistamos devemos à nossa paciência e dedicação e à nossa rede de apoio (família e amigos) que sempre nos acolheram nos momentos em que a sensação: “isso nunca vai passar!” vinha com força. Ter com quem contar faz muita diferença!
Certos de que ainda temos muitos outros desafios a enfrentar, afinal esta é apenas uma das fases, mas poder contar com esta certeza de que nada é para sempre, nem alegrias e nem dores, nos fazem caminhar em frente e não permanecer paralisados em uma única fase da vida.
Que venham os próximos desafios com o Daniel!