Neste episódio do Headspace Meditação Guiada, o foco de atenção é de como a meditação pode te ajudar a administrar a dor e o desconforto e te ajudar a mudar a relação com estas sensações. Na realidade ninguém gosta de sentir dor, muito menos fazer exercícios mentais que caminhem na direção da dor, mas ao parar para refletir nos conceitos apresentados neste episódio vemos que aprender a sentir verdadeiramente pode nos levar às relações menos sofridas com elas.
O ciclo de dor vem tanto da mente quanto do corpo e ao ficar com a mente mais confortável podemos ir aprendendo como sentir menos tensão no corpo. É claro que a dor não desaparece, mas aprendemos uma maneira diferente de se relacionar com ela, sem estar com o ciclo de pensamentos totalmente voltado para a dor, tentando observar ela à distância. De fato, este não é o exercício mais fácil de ser feito, mas garantidamente o mais significativo.
Quando sentimos dor, nos sentimos isolados, como se fossemos as únicas pessoas a sentir aquilo naquele momento, mas se pararmos para refletir sobre o fato de que milhões de pessoas sentem o mesmo, passamos a nos conectar mais com a situação de que não somos únicos. Quando nos igualamos aos outros sentimos uma proximidade que ameniza nossas sensações negativas, passamos a entender que não se trata da minha dor ou da sua dor, mas da nossa dor. Este conceito se chama Humanidade compartilhada, que por muitas vezes sentimos quando partilhamos algum sentimento ou situação em algum grupo – terapêutico ou não – e nos deparamos com mais pessoas vivenciando o mesmo ou algo muito parecido. Por um momento sentimos o conforto de não sermos os únicos naquela vivência dolorida.
Quando falamos em meditação e dor não podemos negligenciar o fato de ter uma avaliação médica de sua confiança também, mas o que presenciamos é que pela meditação podemos mudar nossa abordagem à dor, sem resistir a ela. Já disse aqui o quanto resistir às nossas emoções é estressante, e isso vale para a dor também. Cada pessoa experimenta sua dor de maneira particular, duas pessoas podem sentir a mesma sensação física, mas reagir de modo completamente diferente da maneira como sofrem. Através da atenção plena vivenciamos essa experiência sensorial do presente de modo único e imparcial. Neste quesito, posso compartilhar com vocês a minha experiência com a dor do parto. Como sempre desejei pelo menos tentar o parto normal, fiquei esperando atentamente pela dor e quando senti, ela foi interpretada por mim como algo positivo, mesmo que o parto normal não tenha ocorrido de fato por inúmeras questões.
No estudo apresentado neste episódio, Andy Puddicombe fala sobre duas respostas diferentes no cérebro entre quem pratica meditação e quem não pratica. Aqueles que não possuem o hábito de meditar têm a parte julgadora do cérebro ativa e a parte sensorial se fecha. Já naqueles que possuem o hábito da meditação a parte sensorial do cérebro se torna ativa enquanto que a parte julgadora se fecha. Isso significa que com atenção plena podemos ficar presentes em nossa dor, mas sem o sofrimento que as torna tão insuportáveis.
Para ajudar a melhorar nossa relação com a dor, a técnica proposta desta vez é a percepção corporal, que nos ajuda a fundir de volta o corpo e a mente. Através deste exercício vamos ficando mais cientes do nosso corpo. Não é para mudar a sensação ou resistir ao desconforto, mas ficar confortável com ele.
Existem estudos que se referem à meditação destinada ao alívio da dor crônica como sendo um “analgésico natural”. Os mais céticos podem duvidar e até questionar, mas a ciência tem conseguido mostrar cada vez mais seguramente que este é um bom caminho para o convívio com a dor, já que não existe nenhuma chance de vivermos neste mundo sem sentir algum tipo de dor ou sofrimento.
Então, por que não experimentar, e depois que conseguir praticar regularmente poderá enfim avaliar se esta prática é legal para você ou não!
Até!