Em tempos de isolamento por causa da epidemia do coronavírus, o cuidado com a saúde mental, que já era tão importante, tornou-se essencial. Precisamos mais do que nunca garantir níveis mínimos de sanidade mental para poder cumprir com as normas de isolamento e não adoecer. Se por um lado estar dentro de casa evita a contaminação, estar o tempo todo dentro dela pode desencadear diversos transtornos mentais.
Excesso de notícias divergentes, acompanhar o adoecimento de pessoas próximas e até vivenciar a perda de entes queridos, manter crianças ativas e aprendendo conteúdos formais, são ações que desencadeiam emoções negativas. Ao longo de nossas vidas, não fomos ensinados a lidar com elas, e agora não temos como fugir, afinal o ruim e desagradável também faz parte da vida.
Para ajudar neste cuidado com a saúde mental, a televisão e as redes sociais têm apresentado muitas dicas, tais como, fazer atividade física ao ar livre, meditar, ler, cuidar da espiritualidade e fazer terapia. Ir ao psicólogo é a oportunidade de dar voz à pensamentos e sentimentos que muitas vezes não declaramos, que ficam somente dentro de nós. É também a possibilidade de refletir sobre novas formas de enfrentar algumas situações, é poder dividir com alguém suas angústias.
Com a pandemia, onde não estávamos preparados para nada do que vivemos, ir ao consultório para fazer seu processo terapêutico não estava sendo a melhor opção. Uma boa solução para isto foi algo que já acontece de maneira regulamentada pelo CFP (Conselho Federal de Psicologia) desde 2012, que é o uso das tecnologias da informação e de comunicação para a prestação de serviços psicológicos sem infringir o código de ética profissional. Nesta modalidade, com o uso de meios de comunicação corretos e seguros, o atendimento psicológico pode acontecer da mesma maneira que no formato presencial. Não se trata de uma simples chamada de vídeo, feita de qualquer forma, sem um cuidado ou não sistematizado, mas sim de uma reunião realizada por um profissional, em local adequado e com equipamentos corretos: plataformas próprias para realização de reuniões, conexão com internet estável, fones de ouvido e local que garanta o sigilo do paciente. E do mesmo modo o paciente também é orientado a estar em local minimamente confortável e seguro, sentindo-se bem para poder falar de seus conteúdos internos sem ser interrompido, conexão de internet adequada e, se possível, uso de fones de ouvido também.
Riscos e benefícios
Na modalidade online, o maior risco é de ter uma queda na conexão e do paciente não estar em local devidamente preparado para a realização da terapia. Mas pode encontrar muitos benefícios como o conforto de estar em seu próprio espaço, não ter a perda de tempo do deslocamento até o consultório, principalmente em grandes metrópoles onde isso é um fator a ser considerado. Ou de pessoas que moram no exterior e que por vezes tem dificuldade em encontrar profissionais para o atendimento pela diferença da lingua e da cultura.
De fato, para algumas pessoas o atendimento online não é muito bem visto, principalmente se o ambiente não proporcionar sensação de segurança e conforto para poder falar, mas diante do momento atual, ficar em casa isolado, preocupado com o futuro, angustiado com diversas questões emocionais e não ser acolhido, não ser ouvido e não ter com quem falar, pode ser muito pior.
Eu já realizava atendimentos online, fazia supervisões e cursos online mesmo antes da pandemia, mas a minha terapia era realizada de forma presencial. Quando meu filho Daniel nasceu, exatamente no início do isolamento total em 2020, eu me vi com a necessidade enorme de manter meu acompanhamento psicológico mesmo sem sair de casa. Tive uma rede de apoio para me ajudar a conseguir organizar as rotinas e pude ser acolhida e ter meus sentimentos validados e reorganizados dentro do meu quarto.
Hoje a felicidade de falar com alguns colegas psicólogos e saber que nossa atuação tem chegado em todos os cantos do mundo, oferecendo acolhimento, escuta e proporcionando modificações em muitas vidas é algo muito bom! Saber que nosso conhecimento e horas de dedicação e estudo podem ser utilizados para o bem de mais e mais pessoas.
Mesmo sendo “estranho” realizar a terapia online, tente experimentar, pois os benefícios podem ser maiores do que suas resistências em tentar.
E você, o que acha dessa modalidade de atendimento? Já foi atendido desta forma? Me conte se foi uma experiência positiva ou quais são suas dúvidas e receios dessa forma de atendimento aqui nos comentários.
